quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Trad. de The New Colossus.

O Novo Colosso

Jamais como o titã de bronze grego a fama,
Com os pés terra a terra em conquista montados;
Perdurará ao mar, nos portões ensolarados,
Aqui, a alta mulher com a tocha, cuja chama
É raio preso, e seu nome é mãe de exilados.
A sua mão faz-se farol que afeto inflama
Nos do mundo; esses suaves olhos que comandam
O porto que as cidades gêmeas põe no enquadro.

"Guardai, terras antigas, toda a pompa!" brada
Com mudos lábios. "Dai-me o vosso aflito, o pobre,
Vossas massas que têm na liberdade a ansiada,
Dai-me, das praias, o refugo que vos sobre.
Mesmo em chuva mandai a gente desabrigada,
Pois minha flama no portão dourado a cobre."


THE NEW COLOSSUS.
Emma Lazarus
Not like the brazen giant of Greek fame,
With conquering limbs astride from land to land;
Here at our sea-washed, sunset gates shall stand
A mighty woman with a torch, whose flame
Is the imprisoned lightning, and her name
Mother of Exiles. From her beacon-hand
Glows world-wide welcome; her mild eyes command
The air-bridged harbor that twin cities frame.
"Keep, ancient lands, your storied pomp!" cries she
With silent lips. "Give me your tired, your poor,
Your huddled masses yearning to breathe free,
The wretched refuse of your teeming shore.
Send these, the homeless, tempest-tost to me,
I lift my lamp beside the golden door!"

terça-feira, 3 de novembro de 2015

TÚLIPA.

Ainda em mim a tulipa que te dei
que não vive senão dentro de mim:
Se numa casa tudo se perdesse
da significação de um tempo atrás
mas num cubículo permanecesse
ainda da tulipa o aroma lilás
duma noite mal dormida de agosto;
Porém virá um tempo em que a tulipa
não será nada além que apenas flor.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

existe alguma coisa irracional
que me palpita ao ver completo oposto,
que ao observá-lo me dispara a alma
em direção a um refratado fosco;
se a refração fosse reflexo avulso
de uma partícula escondida há tempos
que de mim se soltasse num mar turvo
e se turvasse em mim, no que não lembro,
mas sei que está marcada em minha carne
e que a carne só pode ser sentida
como um verso que fosse escrito a esmalte
que num toque a outro corpo se assimila;
     como um aborto que esticasse sempre
     a sobrevida do meu próprio ventre.

eu, 24.10.15

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

TURVO.

  um baque
               noite
no medo
uma pedra no peito
              sangra
como uma pedrada
centímetros
de experiência
             de medo
não, mais que o medo
             do susto
  vulto do tempo
  vulto do vulto

05/09/15

(em construção ainda, eu acho)

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

ESPERANÇA.

se dois olhos pra fora de si mesmos
veem
a fumaça a poeira ou a luz do sol refletida no concreto
não choram nem se fecham
  
  
                                    arranquei uma folha enquanto outra caía


eu vi um homem se cobrindo com a chuva
(quero ser uma árvore
descalço na terra
ter a cor do tronco da árvore da rua
e os cipós bem grandes como a barba
dele)

no outro dia no meio da cidade
procurei a sombra de um prédio
pra entender os pés dentro de um sapato

agora me amontoo nos ramos
                                  de um poste elétrico:

se a primavera se atrasar
talvez diga que
sexta-feira não é o fim da semana



09/15